Há alguns dias Monique vivenciou o que considerara os dois dias mais loucos e estranhos de sua vida. Por vezes chegou a pensar que estava louca, ou que tudo não passava de um breve devaneio. Procurou Luiz para ter certeza do que havia acontecido, mas desde aquele dia não o via nos corredores da escola, nem conseguia contato por telefone. A cada dia que se passava, Monique não conseguia pensar em outra coisa senão no sonho que tivera, nos acontecimentos e nos seus feitos. No que havia se transformado? Sailor Thunder!? - Sailor... - Não entendia nada, e de certa forma não sabia como conseguiu fazer tudo aquilo. Lutou muito bem! - Lutou... - Nunca se imaginou lutando ou agredindo alguém. Pelo menos não via motivos para tais atos, até então...
Em casa, Monique se dedicava a pintura de um quadro. Pincelava e coloria uma ideia fixa que havia tido, entretanto, fazia as coisas como se estivesse num transe hipnótico. Quando terminou, se deu conta de que não estava diante de sua ideia original, nem de uma adaptação dela. Fixou seus olhos na tela e viu um céu escuro, formas sombrias e contra elas estavam sete pessoas, sete cores, nenhuma delas pintada ao ponto de poder se reconhecer suas feições. - Ah, que coisa! O que é isso que pintei? Mais destruição? Mais pessoas agonizantes? Não... Eles não fogem; lutam. Se lutam, lutam contra o que? Quem são? O que são?... - pensava já deitada em sua cama, e ainda fitando a pintura, adormeceu.
Luiz: Você me procurava?
Monique: Sim, quero entender tudo isso que acontece comigo. Não consigo assimilar esses fatos, nem acreditar que sejam reais. Hoje pintei uma coisa que não pretendia. Não sei como aconteceu, mas quando terminei a pintura, não era o que havia planejado.
Lu: Eu sei. Você pintou o futuro. Um futuro bem próximo, eu diria. Um por vir que você fará parte, se não renegá-lo.
Mo: Pintei meu futuro?
Lu: Só se você quiser.
Mo: E se eu não quiser?
Lu: Vai arcar com as consequências.
Mo: Ah, que escolha eu tenho? E como escolher, se nem sei o que está por vir?
Lu: Sabe sim, só não se lembra.
Mo: Não lembro?...
Lu: Não, não lembra. Tudo o que está pra acontecer é relativo a outras vidas, outras histórias que você viveu.
Mo: Eu vivi? Vai dizer agora que sou a encarnação de alguém que precisa ser punido?
Lu: Não é você que precisa ser punida, ao contrário, você foi escolhida para lutar e impedir o caos.
Mo: Eu!? Por que? Não sei de nada, não sei lutar.
Lu: Sabe sim, tanto que lutou para me proteger e se libertou.
Mo: Olha, até agora você só me disse coisas que não fazem muito sentido. Quero saber o que se passa comigo, ou conosco. O que foram esse sonho, e essa pintura? Quem são aquelas mulheres? O que queriam contigo? E o mais importante: o que está comigo?
Lu: Tudo será explicado. Nos conhecemos há muitos anos e muitas vidas. Estivemos juntos guardando algo muito poderoso que as forças obscuras tentam dominar: o poder elemental.
Mo: Lembro que elas falaram algo sobre.
Lu: O poder elemental é a força que rege a Terra e o universo. É a magia capaz de criar e destruir, que foi destinada a guardiãs para que não caiam em mãos erradas. Você é uma delas.
Mo: EU!?!? Então é isso que está comigo? E elas querem para...?
Lu: Não está COM você, está EM você. E aquelas mulheres foram mandadas para retirá-lo. Pensaram que estava em mim, mas eu não sou nada mais que um escudeiro. Protejo você enquanto não se liberta. Tem sido assim por várias vidas.
Mo: Você disse guardiãs. Existem outras como eu?
Lu: Existem. E cada uma de vocês possui uma parte desse poder. Só que antes de mais nada, quero lhe dizer algo: você é a responsável por mantê-las seguras, não importando o que aconteça. Você se ofereceu para lutar contra as forças que querem o poder para si e causar o caos e o terror. Você é a Sailor Thunder, a guerreira do trovão, da eletricidade e do magnetismo.
Mo: Sailor Thunder... Essa sou eu? Mas não me lembro de nada relacionado a essa identidade.
Lu: Com o tempo se recordará. As coisas não acontecem em vão e tudo na vida tem um significado. Fique tranquila que logo estes acontecimentos farão sentido para você. Mas não vacile, pois as coisas se tornarão difíceis a partir de agora Sailor Thunder. Precisamos nos unir e lutar.
Mo: Não sou Sailor Thunder! Sou Monique, e não sei se vou lutar.
Lu: Como havia dito, se não lutar vai arcar com as consequências, que podem ser penosas.
Mo: Estou confusa, não sei quem sou e ainda tenho uma missão de lutar contra forças obscuras que nem sei de onde vem ou o que são ao certo.
Lu: Acredite em si mesma, siga seus instintos, seu coração. Tudo vai dar certo... - a garota vê seu amigo se virar e ir embora. Ela grita, chama, mas ele não volta. Caminha em direção ao horizonte e some. Logo ela percebe sua vista ficar turva, até não enxergar mais nada.
Monique acorda e salta da cama, está atrasada novamente. No camimnho da escola pensa em tudo o que ouvira de seu amigo em sonho. Mesmo reconhecendo-o, não acreditava, em certos momentos, que aquele rapaz de cinza era mesmo o Luiz de sempre. Chega a escola, senta na sala e ao se virar para a porta o vê entrando. - Luiz! Que bom te ver! - Ele a cumprimenta e assistem a aula juntos. No intervalo ela o procura e puxa a conversa.
Mo: Sonhei contigo hoje. Mas foi tão louco, você usava roupas estranhas e me explicava algumas coisas. Acho que estou pirando.
Lu: Então nos encontramos mesmo? Fico feliz de ter sido ouvido.
Mo: O que!? Você sonhou a mesma coisa que eu?
Lu: Sonhos são reais, são reveladores, dizem o futuro, retomam o passado e também produzem encontros que não são possíveis no plano físico.
Mo: ... Nem sei o que dizer Lu.
Lu: Não diga, apenas pense em tudo o que foi dito. E não tome decisões precipitadas, a hora está chegando e você certamente saberá o que fazer.
Mo: Ainnn Lu. Às vezes me sinto louca, sabe? Tanta coisa acontecendo de repente.
Lu: Você não é louca. Apenas está se adaptando. Logo se lembrará e tudo será tranquilo, pelo menos em alguns aspectos.
E conversaram até que o intervalo acabou, e a aula também. Chegando em casa, Monique avista duas mulheres andando na rua e vindo em sua direção. Fitando-as fixamente, reconhece suas feições e tenta fugir, em vão.
- Queremos o que é nosso!
Mo: Vocês de novo? Não tenho nada que lhes interesse! - as mulheres a cercam e seguram em seu braço.
- Tem sim, e viemos buscar. Nos dê o poder elemental que está com você. - e a puxam com força, vasculhando sua mochila, seus pertences caem todos no chão. Mas elas não acham o que procuram. - Onde está? Diga!
Mo: Já disse que não está comigo, me soltem, por favor. - seus olhos enchem de lágrima. Não sabia o que queriam, porque passava por tudo aquilo. Fechou o olhos e começou a pensar naquilo que seu amigo lhe dissera em sonho. Tinha uma missão, tinha um poder, tinha uma escolha a fazer. E a menos que ela escolha lutar, isso nunca acabaria. Mas e se lhes entregasse o que queriam? Não... Arriscado demais. O sonho e o quadro mostraram coisas terríveis. - O que faço? - pensou. - "Acredite em si mesma, siga seus instintos, seu coração. Tudo vai dar certo..." - as palavras do amigo vieram como um raio em cima de uma árvore. Despertando algo que ela desconhecia até então.
- E então menina, não temos o tempo todo! Nos entrega ou sofre as consequências?
Mo: Não entrego nada! O que está em mim é precioso e não deixarei cair em mão erradas! - ela consegue se soltar e se arma para a batalha. - Se quiserem venham tirar de mim. E não pensem que será fácil!
- Não sabe com quem se meteu menina. "Conjuração de sombras!" - com essas palavras, elas conseguiram fazer com que as sombras tomassem forma de monstros. - Monique encara as duas mulheres, fecha os punhos, levanta a mão e diz:
Mo: Poder do elemento: transformação! - mais uma vez ela se transforma. - Não darei aquilo que me foi confiado para proteger a Terra. Sou a guerreira do trovão: Sailor Thunder. E irei impedí-las!
- Sailor do trovão, seu poder será nosso! Somos Trinity e Vanilla, servas do Reino do Terror e acabaremos com você!
Sailor Thunder: Finalmente se revelaram... Venham e vejam se são capazes.
Tri: Guerreiros, peguem-na!
STh: "Explosão de centelhas!" - Sailor Thunder lança centelhas nos monstros, que desaparecem um a um.
Van: Sua petulante! - Vanilla parte pra cima e inicia uma luta contra a Sailor do trovão. Trinity não fica de fora, e juntas a atacam. Sailor Thunder se defende dos golpes das mulheres de preto e as ataca incessantemente. Lança mais centelhas e as atinge.
Van: Não estamos conseguindo atingí-la com efeito. Precisamos de mais energia para contra-atacar.
Tri: Percebi. Vamos nos recolher. Não podemos ser derrotadas. - tão logo decidiram, partiram. E a Sailor as viu sumindo na poeira negra novamente. Agora sabia seus nomes e o que queriam. Sem ter muito o que fazer, voltou ao seu estado normal e continuou andando pela rua...
Finalmente chegou em casa, foi para o quarto e se jogou na cama. O corpo doía um pouco e ela se sentia cansada. Fitou o quadro, fixou o olhos nas pessoas representadas e pensou... Notou algo diferente na pessoa representada em amarelo e disse: Sailor Thunder, é você! - Pensou no sonho com o amigo mais uma vez. E nos últimos acontecimentos também. Respirou fundo, passou a mão sobre o rosto e refletia em tudo. - Que decisão tomar? - Seu telefone toca, uma sms: "Quem é você?" - ela respondeu: Sou Sailor Thunder. - Seu telefone toca novamente, outra sms: "Vamos lutar juntos?" - Ela suspira, toma fôlego e responde decidida: Sim.
Fim do capítulo 02
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"Por que machucam as pessoas? Deixem minha amiga em paz!" - Descubra no próximo capítulo.