sexta-feira, 2 de julho de 2010

Capítulo 05: O homem que anda e a garota das chamas.

Era uma noite fria e escura, Carolina voltava de mais uma festa de amigos e estava muito cansada. Divertiu-se como nunca, dançou, namorou, brincou e riu. Andava depressa pela rua, pois não queria chegar muito tarde em casa. Procurava não olhar para os lados, e não encarar as pessoas. Foi ensinada a não conversar com estranhos na rua, principalmente a noite. Mas naquela noite fria e escura, algo diferente aconteceu. Tomando o caminho de casa, Carolina, avista ao longe uma mulher de trajes negros correndo atrás de uma pessoa. Ela gritava alguma coisa, mas só o que pôde ouvir foi: "Não conseguirá fugir por muito tempo! Seus dias estão contados!" - Ao ver a cena, a garota, agora intrigada, seguiu as duas pessoas até que conseguisse chegar bem perto para ver o que acontecia.


- Não vou falar duas vezes, pare onde está e não precisaremos lutar.
- Se quiser lutar, estou pronto! Não pense que será fácil!
- Andarilho... Não se faça de tolo. Sabe muito bem que se lutarmos sairá derrotado. Por que não diz logo o paradeiro dos recipientes? Se disser agora, pouparei sua vida...
Andarilho: Nunca lhe direi! Minha missão é impedir vocês, e é isso que farei. Mesmo que custe minha vida...
- Tolo, quer mesmo morrer? Então morra! - com essas palavras, a mulher parte para cima do misterioso Andarilho, desferindo muitos golpes. O homem se esquiva, mas não consegue desviar de todos. Logo cai ferido no chão.
And: Vamos, acabe logo com isso. Não direi onde estão, nunca! Sei que posso morrer hoje, mas se eu morrer, vocês nunca saberão.
- Medíocre! Tenho pena de você, não consegue enxergar a grandeza do Reino. Não terei misericórdia, e se é assim que prefere, assim será. E não pense que eles não serão encontrados. Outras agentes estão cuidando disso. Logo os acharemos.
And: O que está esperando Nera? Acabe com isso!
Nera: Hahahahaha, Implorando pela morte? "Golpe da morte!" - e o golpe atinge em cheio. Um forte brilho toma conta do corpo do homem. No chão, ele não consegue se mover, nem dizer nada. - Agora será o seu fim! - e o ataca de novo. Os ataques são sucessivos, até que ela percebe que o deixou inconsciente. Então se aproxima e diz: Eu disse que não te pouparia... Vocês me enojam. - e cospe no rosto do agora derrotado.


Carolina assistia a tudo de onde estava. Paralisada, ela não entendia o que acontecia, e muito menos sabia sobre o que conversavam. Viu um homem ser espancado até a morte e não pudera fazer nada para impedir. Estava tarde, ninguém passaria por aquelas ruas. O que faria? A quem recorreria? Ficou apenas observando, e em sua impotência, torcia para que a mulher de preto, cujo o nome era Nera [ela enfim descobrira], saísse dali. Só assim tentaria socorrer o homem. Demorou, mas ela sumiu em meio a uma nuvem de poeira. Carolina então foi em direção ao homem, que estava muito machucado. Olhou para ele e disse:


Carolina: Que droga! Porque logo eu tinha que ver essa merda? Não tô acreditando que isso está acontecendo comigo... Agora vai a Carolzinha aqui ligar pra polícia, bombeiros, e sei lá mais o que, pra recolher o presunto...
And: Não ligue... - disse o homem.
Ca: Caraca! Você está vivo!? Mas como? Eu vi... eu vi... eu vi aquela mulher te bater várias vezes. Seu corpo brilhou e você caiu no chão desmaiado. E ela bateu ainda mais... Isso é impossível!!! Espera... Seu corpo brilhou!? Essa faixa, essa luva, essa máscara... Por acaso era algum ensaio de carnaval?
And: Não, isso é...
Ca: Já sei! Vocês são daqueles jogadores de RPG que saem por aí interpretando né? Muito boa sacada cara! Eu caí direitinho... - o Andarilho tenta se recompor, toma fôlego e diz:
And: Não! Quer calar a boca e me ouvir!?
Ca: Olha cara, não me manda calar a boca, porque aí meu sangue sobe. Vim aqui na moral te socorrer e você de grosseria comigo!?
And: Me ajude por favor.
Ca: Ajudar? Cara isso está muito estranho pro meu gosto. Tem certeza que não é RPG?
And: Criança, se não ficar quieta logo perceberão minha presença novamente, e aí Nera volta. Não, não é RPG, nem nada do tipo. Preciso de sua ajuda, estou debilitado e talvez você... - ele fala, mas com esforço. Nera desferiu tantos golpes que seu corpo estava todo machucado. Não sabia de onde encontrava forças para falar.
Ca: Hei! Segura esse corpo aí cara! Se não aguenta levantar fica no chão mesmo. Me diz, como está vivo?
And: Preciso sair daqui. Me ajude.
Ca: Tá, tudo bem. Vem que te dou apoio. Mas sem abusar hein! Se eu sentir mão boba, é um soco no meio da cara!


E andaram até uma praça próxima. O Andarilho estava sem forças para seguir seu caminho. A perseguição fora mais difícil do que imaginava e ele sabia que tudo o que defendia corria risco. Não sabia o que fazer e estava ali, de frente para uma estranha que o ajudou. Teve que reunir suas últimas forças para escapar dessa batalha. Estava ciente que se não fizesse algo, toda a sua jornada não faria sentido, e talvez todo o mundo estaria perdido. Nunca esteve tão fraco, em outros tempos daria conta de duas ou mais agentes sem muito esforço. Mas agora elas estavam mais fortes, alguma coisa havia acontecido, algo que ele não conseguia identificar. Precisava de mais força para lutar, precisava da ajuda de alguém... Mas não poderia ser daquela menina a sua frente. Ela o socorreu e pronto. Entretanto, quando deu a mão a ela sentiu como se suas forças fossem recobradas. Alguma coisa naquela cena estava diferente, e não era só o fato de uma simples humana ajudá-lo. Havia algo mais... Definitivamente, ela tinha algo de especial. Mas o que? Sem dizer mais palavras, a deixou partir...


O que havia acontecido? Quem era aquela garota que o ajudara? O Andarilho precisava de repostas. Buscou no mais fundo de suas lembranças, mas não recordava de muitas coisas. Sabia que sua missão era proteger os recipientes. Sabia que possuía uma força sobre-humana. Sabia que deveria proteger a paz na Terra. Quem lhe disse? Essa era uma das questões: ele sempre soube. Sabe que não é a primeira vez que está na Terra. Sabe que em outras vidas, lutou contra os mesmos inimigos. Sabe que os inimigos estão cada vez mais fortes. E que desta vez a luta seria definitiva. O problema é que não sabia contra quem lutava exatamente. Não sabia o que eram os recipientes, embora soubesse que deveria protegê-los. Foi então que ele enxergou em Carolina, uma possibilidade. E se ela lhe trouxesse respostas? Será que o que sentiu quando estava ao seu lado era algo revelador? Precisava descobrir.


Carol não esquecera do ocorrido naquela noite. Perguntava se veria aquela cena de novo, ou se veria o Andarilho novamente. E Nera? Que tipo de pessoa possui tamanha força? "Calma", pensou. Talvez tudo aquilo não passou de uma representação de RPG, como havia indagado ao homem mascarado. Mesmo assim, o sentimento de compaixão por ele, e o ímpeto de ajudá-lo não se apagaram. Queria saber o que estava acontecendo. E não sabia de onde vinha esse interesse em alguém estranho. Resolveu não pensar muito nisso, estava preocupada demais com as provas bimestrais e não tinha tempo para distrações.


Num dia comum, com nuvens no céu e de muito calor, Carolina resolve ir ao shopping depois da aula, pois queria se distrair depois do dia de provas exaustivo. Pensativa, não se deu conta de uma pessoa a abordaria naquele momento.


- Com licença... Posso tomar um minuto de sua atenção?
Ca: Ai que susto moça! Isso não se faz....
- Não foi minha intenção. Só estou fazendo uma pesquisa e...
Ca: Ah, então fala logo que estou com pressa.
- É... preciso saber o que acha desses biscoitos integrais. A marca Travesso vai lançar destes biscoitos e queremos saber se o público gosta.
Ca: Tudo bem, me dê um.
- E então?
Ca: Uhmm, bom mesmo! Se lançarem eu compro! Pode colocar aí que eu adorei!
- Ok, obrigado pela ajuda... Tenha um bom dia.


Despediram-se. Carolina continuou seu passeio, mas depois de muito andar começou a se sentir mal. Com receio de que algo lhe acontecesse na rua, foi pra casa descansar. Chegando em seu quarto, deitou na cama e viu o teto perder foco. Tentou levantar, mas não conseguiu. Tentou chamar alguém, mas perdeu a voz. Antes de perder a consciência, pôde ouvir uma voz em seu ouvido dizendo: "Venha..."


Quando recobrou os sentidos, Carol se viu num lugar estranho. Não sabia como definir aquele lugar grotesco. A sua volta, muitas garotas ainda estavam desacordadas. Fez força para se mover, mas só então percebeu que estava presa numa espécie de casulo. O que era aquilo? Como chegou ali? Não demorou muito para descobrir.


- Então acordou? Você deve ser muito forte pra conseguir acordar dentro do casulo.
Ca: Do que está falando? Quem está aí?
- HAHAHAHAHA... Nera, esse é o nome do seu algoz!
Ca: Nera? O que quer de mim?
Nera: Sua energia, humana...
Ca: Minha energia?... Me solta agora!
Ner: Calada! Vejo que você é realmente especial... Consegue até gritar nessa situação. Será que estou diante de um recipiente?
Ca: Recipiente? Do que está falando? Sou uma pessoa não está vendo?
Ner: Não é o seu corpo que eu quero. Quero o que está escondido em você.
- Deixe essas crianças em paz Nera!
Ner: O que? Essa voz...
Andarilho: Sim, não estou derrotado ainda... Achou mesmo que ninguém notaria o sumiço dessas garotas?
Ner: Impossível! Eu te destruí com minhas próprias mãos!
And: Rs... Pensou que destruiu. Não são só os seguidores do Reino do Terror que tem seus artifícios... Agora, não direi novamente: solte-as!
Ner: Estúpido! Acabei contigo uma vez e posso fazer de novo. - ela parte pra cima dele. Travam uma luta muito acirrada, mas novamente o Andarilho não consegue atingir Nera com seus golpes.
Ca: Andadrilho, cuidado! - a mulher de preto ataca ferozmente o homem mascarado. Ele cai no chão...
Ner: Já vi essa cena antes, mas desta vez cuidarei para que não saia vivo.
Ca: Deixe-o em paz! Se quer mesmo minha energia, venha aqui e tire. Não perca seu tempo com ele.
Ner: Sei que está tentando ajudá-lo, mas não vai adiantar. Minha vitória é certa. E depois de acabar com ele retiro sua energia. Quando tudo isso terminar serei recompensada!
Ca: Se não retirar minha energia agora, juro que se arrependerá.
Ner: Uma ameaça? Humana desprezível! Não aceito desaforos de seres insignificantes. "Controle de Sombras!" - com essas palavras Nera controla as sombras, que seguram o Andarilho e jogam para o outro lado, em frente a Carolina.
Ca: Não! Acabe logo com isso e o deixe em paz. Faça o que quiser, mas deixe-o em paz!
Ner: Por que se preocupa tanto? É o fim, para os dois... HAHAHAHAHAHA... Tive uma ideia. - ela dá um comando com as mãos e o casulo solta Carol.
Ca: O que quer fazer? Por que me libertou?
Ner: Será mais divertido atacar os dois juntos. Em vez de matar seu protetor, vou tirar a energia, assim como farei contigo. Só assim termino meu serviço em grande estilo!
Ca: Andarilho! - a garota vai ao encontro do homem ferido. Segura em sua mão e diz. - No fim das contas não pude te ajudar... - mas enquanto ela o toca algo inesperado acontece. Lembranças passam pela cabeça do Andarilho. Carolina sente algo tomar seu corpo...
And: É você! Finalmente te encontrei!
Ner: Hã!? Morram! "Golpe da Morte!"
Ca: Não! -  Carol bloqueia o golpe com uma das mãos. - Eu disse para nos deixar em paz. Agora você vai se arrepender. - levanta a mão pro ar e diz: "Poder do elemento: transformação!"
Ner: Então você era mesmo um recipiente... Rs, isso está ficando divertido.
Sailor Fire: Não pense que conseguirá vencer um homem de bem. Sou Sailor Fire, guerreira do fogo e do calor. Vou impedí-la!
And: Recipientes, Sailor Fire.... Agora me lembro!
Ner: Estúpidos, a vitória será minha. "Golpe da Morte!"
SFi: "Bola de Fogo!" - e os golpes se chocam, anulando-se.
And: Deixa comigo Sailor Fire. "Luz Intensa!" - o Andarilho põe as mãos sobre o rosto e cria um flash de luz que deixa Nera atordoada. - Agora!
SFi: "Bola de Fogo" - e atinge a vilã.
Ner: Nãaaaaaaaao! Malditos, isso não termina aqui. Outras agentes perseguirão, acharão e destruirão os outros recipientes... - seu corpo treme e é tomado por uma luz muito forte. Enfim, desaparece.


Com o sumiço de Nera, os casulos desaparecem, bem como as pessoas que neles estavam. Tentaram soltá-las, mas não deu tempo. O Andarilho e Sailor Fire, agora preocupados e decididos a achar essas pessoas, se entre-olham e conversam.


And: Sailor Fire, enfim achei as respostas que procurava...
SFi: Não entendo bem o que está acontecendo, mas tenho lembranças que não são minhas na minha cabeça.
And: Você se lembra? De tudo?
SFi: Não de tudo, mas de boa parte das minhas vidas, da minha missão, do poder que carrego. E agora, o que fazer?
And:  Vamos fazer aquilo que deve ser feito: impedir o Reino do Terror e encontrar os outros recipientes.
SFi: Concordo, temos que agir.
And: Mas preciso te dizer algo: não estaremos sempre perto, pois não atuo por aqui. Peço que tenha paciência, pois assim como você tenho uma vida a seguir.
SFi: Ok, vou ficar de olho e investigar, se encontrar alguma coisa, entro em contato. - ela volta ao normal.
And: Eu também... Manteremos contato por telefone.
Carol: Telefone?
And: Rs, tecnologia também ajuda nessas horas... - ele dá as costas e segue em frente...
Car: Espere! O que quer dizer com não atuar por aqui?...
And: Como disse, tenho uma vida a seguir.
Ca: E não saberei quem você é?
And: Claro que sabe! Não lembra de nada? Faça um esforço e me verá em suas lembranças passadas... Adeus. - ele segue seu rumo e deixa Carolina ali, pensativa e confusa, ao mesmo tempo determinada e decidida. Olhando o Andarilho sumir no horizonte ela diz: A luta começou...


Fim do capítulo 05